Uma nova alternativa no combate à obesidade
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou oficialmente o uso do medicamento Mounjaro como tratamento auxiliar contra a obesidade. Antes indicado apenas para o controle da diabetes tipo 2, o remédio agora também poderá ser utilizado por pacientes com sobrepeso que apresentem comorbidades relacionadas ao excesso de gordura corporal.
O princípio ativo do Mounjaro é a tirzepatida, uma substância inovadora que atua simultaneamente em dois receptores hormonais importantes: o GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon) e o GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose). Esses hormônios são liberados naturalmente pelo intestino durante a alimentação e desempenham um papel fundamental na regulação do apetite e dos níveis de açúcar no sangue.
Como o Mounjaro age no corpo humano?
O Mounjaro possui uma ação combinada que impacta diretamente o metabolismo. Ele estimula a produção de insulina apenas quando os níveis de glicose estão altos, além de impedir que o fígado libere glicose em excesso. Outro efeito importante é a diminuição da velocidade de esvaziamento gástrico, o que proporciona maior saciedade.
Ao reduzir o apetite e melhorar o controle glicêmico, a tirzepatida ajuda os pacientes a ingerirem menos calorias ao longo do dia. O uso regular, aliado à prática de exercícios físicos e acompanhamento médico, pode resultar em perda significativa de peso, principalmente em casos de obesidade crônica e resistência a tratamentos convencionais.
Quem pode utilizar o Mounjaro?
Segundo as diretrizes da Anvisa, o medicamento só deve ser utilizado por pacientes adultos diagnosticados com obesidade ou sobrepeso associados a condições como hipertensão, apneia do sono, dislipidemia ou intolerância à glicose. A prescrição deve ser feita por um profissional de saúde após avaliação clínica completa.
O Mounjaro não é indicado para fins estéticos ou emagrecimento sem necessidade médica comprovada. Seu uso indiscriminado pode gerar efeitos colaterais e mascarar problemas metabólicos mais graves.
Preço e disponibilidade no Brasil
Desde que começou a ser comercializado no país, em maio de 2025, o Mounjaro já está disponível em algumas farmácias e plataformas online. Os preços variam de acordo com a dosagem e o ponto de venda. A versão com 2,5 mg custa em média R$ 1.400 a R$ 1.500 em lojas físicas, enquanto a versão de 5 mg pode ultrapassar R$ 1.800, chegando a até R$ 2.400 em algumas regiões.
Por se tratar de uma medicação injetável, o Mounjaro é vendido em formato de caneta aplicada semanalmente. É fundamental seguir corretamente o esquema de administração recomendado pelo fabricante e pelo médico responsável.
Quais os efeitos colaterais possíveis?
Assim como outros medicamentos que atuam nos receptores GLP-1, o Mounjaro pode provocar alguns efeitos adversos, especialmente nos primeiros dias de uso. Entre os mais comuns estão náusea, diarreia, constipação, dores abdominais e tontura. Esses sintomas geralmente diminuem com o tempo, à medida que o corpo se adapta ao tratamento.
Casos mais raros de pancreatite e alterações nos níveis de enzimas hepáticas também já foram relatados em estudos clínicos. Por isso, é essencial que o tratamento seja acompanhado por profissionais qualificados.
A diferença entre Mounjaro e Ozempic
O Ozempic, medicamento que também tem sido amplamente utilizado para emagrecimento, age apenas sobre o receptor GLP-1. Já o Mounjaro tem ação dupla, atuando tanto no GLP-1 quanto no GIP, o que, segundo estudos recentes, pode proporcionar resultados mais significativos na perda de peso.
Essa diferença faz com que o Mounjaro se destaque como uma opção mais robusta para pessoas que não obtiveram bons resultados com medicamentos tradicionais ou que apresentam resistência ao tratamento com GLP-1 isoladamente.
Importância do acompanhamento profissional
Apesar do entusiasmo em torno do Mounjaro, especialistas reforçam que o medicamento não deve ser visto como uma solução mágica. A perda de peso eficaz depende de uma combinação de fatores, incluindo mudanças no estilo de vida, alimentação equilibrada, atividade física e suporte emocional.
Utilizar medicamentos como a tirzepatida sem orientação pode levar a complicações e frustrações. O ideal é seguir um plano terapêutico personalizado, monitorado de perto por endocrinologistas, nutrólogos e outros profissionais da área da medicina.
O futuro do tratamento da obesidade no Brasil
A aprovação do Mounjaro pela Anvisa representa um avanço significativo na luta contra a obesidade no país, que atinge mais de 20% da população adulta, segundo dados recentes. Com essa nova alternativa, espera-se ampliar o acesso a opções terapêuticas mais eficazes e adaptadas às necessidades individuais.
Embora o custo ainda seja uma barreira para grande parte da população, a tendência é que, com o aumento da concorrência e da oferta, os preços se tornem mais acessíveis ao longo do tempo.
Além disso, a popularização de medicamentos modernos como o Mounjaro pode impulsionar o debate sobre a importância de tratar a obesidade como uma condição crônica e não como uma falha pessoal.