Wlamir Marques, conhecido como o “Diabo Loiro”, é uma das figuras mais importantes da história do basquete brasileiro. Com uma carreira recheada de conquistas, garra e liderança, ele se tornou símbolo de uma era de ouro do basquete nacional. Suas atuações memoráveis, tanto em clubes quanto na seleção, consolidaram um legado que ultrapassa quadras e fronteiras. Neste artigo de cauda longa, vamos mergulhar em sua trajetória, títulos, impacto cultural e importância no cenário esportivo brasileiro e internacional.

Infância e Formação no Litoral Paulista
Nascido em São Vicente, litoral de São Paulo, em 16 de julho de 1937, Wlamir Marques cresceu em uma época em que o basquete ainda estava se firmando como um esporte popular no Brasil. Ainda criança, mostrava aptidão para várias modalidades. Começou na natação, flertou com o futebol e chegou a atuar como goleiro. Mas foi aos 14 anos que descobriu o basquete, e rapidamente se apaixonou pelas tabelas.
O primeiro clube que o acolheu foi o Regatas Tumiaru, em Santos. Posteriormente, foi jogar no XV de Piracicaba, onde aperfeiçoou fundamentos e chamou a atenção de olheiros da seleção brasileira. Sua evolução técnica foi meteórica, e logo seria convocado para defender o país internacionalmente.
A Chegada à Seleção Brasileira
Aos 16 anos, Wlamir foi chamado para defender a seleção brasileira principal. Sua estreia oficial ocorreu no Campeonato Mundial de 1954, no Rio de Janeiro, quando o Brasil ficou com a prata. Apesar da juventude, ele demonstrou maturidade e personalidade em quadra. Não demorou para se tornar titular absoluto e um dos principais líderes da equipe.
Nos anos seguintes, sua parceria com outros craques da época — como Amaury Pasos, Rosa Branca e Ubiratan — levou a seleção a patamares inéditos. O auge viria nos Campeonatos Mundiais de 1959, no Chile, e 1963, no Brasil, com a conquista do bicampeonato. Wlamir foi decisivo em ambas as campanhas e se consolidou como referência internacional.
Destaques Olímpicos
Wlamir disputou quatro edições dos Jogos Olímpicos: Melbourne 1956, Roma 1960, Tóquio 1964 e Cidade do México 1968. O Brasil conquistou bronze em Roma e Tóquio, com atuações brilhantes contra potências como União Soviética e Iugoslávia. Wlamir não apenas liderava tecnicamente, mas era um motivador nato.
Nas Olimpíadas, a figura de Wlamir como capitão e arremessador mortal ficava ainda mais evidente. Ele era conhecido pela frieza nos lances decisivos e por não fugir de nenhuma responsabilidade, mesmo nos momentos mais críticos.
Atuações Memoráveis e Apelidos
Dois apelidos marcaram a carreira de Wlamir: “Diabo Loiro”, pela intensidade em quadra, e “Disco Voador”, devido à sua incrível impulsão. Ambos refletem a personalidade vibrante e a habilidade física impressionante que o jogador possuía. Entre suas partidas mais icônicas está o embate contra o Real Madrid, em 1965, em que marcou 51 pontos — um feito lendário contra um dos maiores clubes da Europa.
Carreira em Clubes: Uma Lenda no Corinthians
Além de seu sucesso na seleção, Wlamir teve passagens marcantes por clubes como Palmeiras e Corinthians. No alvinegro paulistano, construiu uma relação histórica. Defendendo o clube por dez anos (1962–1972), conquistou:
3 Campeonatos Brasileiros de Clubes
3 Sul-Americanos de Clubes
5 Campeonatos Paulistas
Em 2016, o Corinthians prestou uma homenagem justa ao atleta: renomeou o ginásio poliesportivo do clube para Ginásio Wlamir Marques e aposentou sua camisa 5. A torcida o considera até hoje um dos maiores nomes da história do clube.
Reconhecimento Nacional e Internacional
Wlamir foi homenageado em diversas ocasiões:
Troféu Heims de melhor atleta sul-americano em 1961
Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil em 2021
Hall da Fama da FIBA em 2023
Esses reconhecimentos consolidam seu nome entre os maiores atletas da história do basquete mundial.
Vida Pós-Jogador: Técnico, Comentarista e Educador
Após se aposentar das quadras, Wlamir seguiu contribuindo para o basquete. Como técnico, treinou equipes masculinas e femininas, sendo campeão paulista com ambos os gêneros. Também foi professor e incentivador do esporte entre jovens atletas.
Sua experiência também o levou à televisão. Atuou como comentarista esportivo na TV Globo, Rede Manchete, Bandeirantes e ESPN Brasil. Com uma análise precisa e linguagem acessível, ajudou a aproximar o público do esporte.
Personalidade e Estilo de Jogo
Wlamir era um jogador versátil, podendo atuar como armador, ala ou até pivô, se necessário. Seu estilo combinava agilidade, inteligência tática e precisão nos arremessos. Mas o que realmente o distinguia era sua entrega e paixão.
Sempre vibrante e enérgico, ele encarnava o espírito competitivo brasileiro. Em quadra, era agressivo na marcação, rápido nas transições e fatal nas infiltrações. Fora dela, era conhecido pela humildade e respeito com colegas, imprensa e fãs.
Influência no Basquete Brasileiro
Wlamir inspirou gerações inteiras. Foi mentor direto de atletas como Oscar Schmidt, Marcel de Souza e Zé Geraldo. Seu nome é sempre lembrado como sinônimo de superação e excelência esportiva.
O Troféu Wlamir Marques, criado em 2020 pela NBB (Novo Basquete Brasil), homenageia o melhor jogador da temporada e garante que seu legado seja transmitido às novas gerações.
Morte e Homenagens Finais
Wlamir Marques faleceu em 18 de março de 2025, aos 87 anos. A notícia gerou comoção nacional. O velório foi realizado no Ginásio que leva seu nome, com presença de atletas, autoridades e fãs. Diversas entidades esportivas emitiram notas de pesar, e jogos de basquete foram iniciados com um minuto de silêncio em sua homenagem.

Conclusão: Um Ícone que Vai Muito Além das Estatísticas
Wlamir Marques foi mais do que um jogador brilhante. Ele foi um embaixador do esporte, um exemplo de ética, um líder nato e um guerreiro incansável. Sua história é um marco do basquete brasileiro e um exemplo de que talento, disciplina e paixão podem transformar vidas e inspirar nações.
Ao rever sua carreira, percebemos que seu maior legado não está apenas nos pontos marcados ou nas medalhas conquistadas, mas no impacto que causou no coração de quem ama o esporte. Wlamir não foi apenas um jogador — foi e sempre será uma lenda